5 de setembro de 2007

Criticas 2

M disse...
Olá. O filme me surpreendeu positivamente, gostei bastante! Sou suspeita porque adoro uma "subjetividade"... Adoro essa arte livre... Interpretações...
Pra mim, o filme foi muito claro!
Relação sede/seca/saudade corrosiva, muita água enquanto so se precisava de um copo da fonte certa. E mais tarde, talvez o mais terrivel, quando a moça sabe que pra ela a "fonte" secou de vez. Depois ela sai tendo que conviver com aquilo(queimada no ar),mas o faz de uma maneira diferente da dele.

Gostei bastante também da coloração do filme todo (mesmo nos momentos mais lúgubres)!

Gostaria de ter a oportunidade de vê-lo pela 2ª vez, e ver se tenho uma 2ª leitura, seria interessante.

Parabéns pelo trabalho!

Mariana Lodovico


Oi Mariana,
Sua leitura é muito bacana! Acho interessante o que vêm acontecendo com os comentários sobre o curta porque estão me chegando não apenas significados de isso ou aquilo, mas argumentações sobre a narrativa. Essa é minha proposta maior.
Agora uma questão que levanto até sobre o que diz da subjetividade. Há um embate sobre a forma de expressão artística. Qual seria o ponto de equilíbrio entre a subjetividade e a clareza? É disso que venho refletindo bastante porque a arte pra mim sempre siginificou subjetividade, mas ao mesmo tempo quero despertar algum sentimento no espectador, mesmo que seja superficial. Me parece que caminhar na superfície é mais digerível e a vontade de tocar a maioria das pessoas é inquestionável. Não gostaria de virar apenas produto de análises mas também de sensações e vejo na suas palavras uma leitura carregada de sentimento e até de outras pessoas que não têm contato constante com arte.
Acho tão confortável procurarmos nossas próprias conclusões sobre a vida e saber lidar com isso entendendo que as respostas não existem claramente. Venho tentando reproduzir essa sensação e cada vez mais despertar o olhar e os ouvidos...rs

Shareid.

2 comentários:

Anónimo disse...

Podemos fazer disso um fórum? Rs...

Fiquei curiosa sobre as outras argumentaçes feitas...

Acredito que o ponto de equilibrio ao qual você se referia, é relativo ao espectador que se pretende atingir, tal subjetividade será destinguida conforme a bagagem de cada um, disposição ou sensibilidade, o desafio seria despertar isso em quem costuma a deixar essas desapercebidas (uma suposta maioria). É pena pensar que pra tal, se tem que objectivar de certo modo essa "poesia". Imagens com aspectos atraentes podem fisgar o espectador, fazendo-o a educar seus olhos e ouvidos para esse tipo de linguagem, ao meu ver também mais artistica, sensorial, interessante, inteligente.
E parece que o curta tem correspondido a isso com a estética e roteiro bem interessante!

Mariana L.

Cora disse...

Olá Shareid,

Como a possibilidade de recortes é inúmera, vou pinçar o que acredito ser mais relevante e que, saltou aos meus olhos: o recorte pela dimensão patêmica, progressiva e prudente ao engajamento da subjetividade atrelada à narratividade, que, penso ser o que você tem pontuado, abrindo a discussões e mostrando-se mais preocupado com. Há no seu texto, elementos que estão atrelados a uma verdade a qual deseja construir uma semântica da dimensão passional, isto é, entendo sua narratividade, o seu texto, como a paixão não-aquilo que afeta o ser afetivo dos sujeitos “reais” mas, enquanto efeito de sentido inscritos e codificados na linguagem. Que é o que molda, em verdade, nós, virtual telespectadores. Isso de fato, faz-me refletir que, em linhas gerais, mergulhados em sua narratividade, somos convidados a re-fletir acerca da valorização desta ou daquela paixão, desvalorizar uma (seca – nada/ abundância/ tudo, abstinência, abundância etc, sei lá!!!), em detrimento da outra. Brincando com os exemplos imbecis e superficiais que acabo de pontuar, tais oposições semânticas, estão intrin-seca-mente (rs...) ligadas ao imaginário passional.
A metáfora fundamental (se é que ela existe) é à base do modelo da compreensão. S omos então convidados a sermos “pequenos cientistas”? Limitados, porquanto não considerados na relação do sujeito com sua comunidade (filme) via linguagem? Sinto a proposição de uma outra linguagem: o processo de sentir no psicanalítico. O aprofundamento da analogia e das metáforas, extremamente bem construídas em seus planos, permite delinear de forma bastante curiosa uma proposta que passeia da subjetividade ao equilíbrio dos já ditos.
A busca “pelo esmiuçar” de um texto, pela interpretação alheia, seja ele (a) qual for, tem exclusivamente o intuito da confirmação do SEU objeto (roteiro, narratividade etc). Será que tais reflexões não estão, contudo, à parte da arte?
A obra, ao fim, torna-se autônoma.
Não pertence mais ao criador.
Tem vida própria, fala por ela.
É o que se chama de arte pela arte?

Um abraço,

Carolina