4 de outubro de 2007

Comentario

Olá Shareid,

Como a possibilidade de recortes é inúmera, vou pinçar o que acredito ser mais relevante e que, saltou aos meus olhos: o recorte pela dimensão patêmica, progressiva e prudente ao engajamento da subjetividade atrelada à narratividade, que, penso ser o que você tem pontuado, abrindo a discussões e mostrando-se mais preocupado com. Há no seu texto, elementos que estão atrelados a uma verdade a qual deseja construir uma semântica da dimensão passional, isto é, entendo sua narratividade, o seu texto, como a paixão não-aquilo que afeta o ser afetivo dos sujeitos “reais” mas, enquanto efeito de sentido inscritos e codificados na linguagem. Que é o que molda, em verdade, nós, virtual telespectadores. Isso de fato, faz-me refletir que, em linhas gerais, mergulhados em sua narratividade, somos convidados a re-fletir acerca da valorização desta ou daquela paixão, desvalorizar uma (seca – nada/ abundância/ tudo, abstinência, abundância etc, sei lá!!!), em detrimento da outra. Brincando com os exemplos imbecis e superficiais que acabo de pontuar, tais oposições semânticas, estão intrin-seca-mente (rs...) ligadas ao imaginário passional.
A metáfora fundamental (se é que ela existe) é à base do modelo da compreensão. S omos então convidados a sermos “pequenos cientistas”? Limitados, porquanto não considerados na relação do sujeito com sua comunidade (filme) via linguagem? Sinto a proposição de uma outra linguagem: o processo de sentir no psicanalítico. O aprofundamento da analogia e das metáforas, extremamente bem construídas em seus planos, permite delinear de forma bastante curiosa uma proposta que passeia da subjetividade ao equilíbrio dos já ditos.
A busca “pelo esmiuçar” de um texto, pela interpretação alheia, seja ele (a) qual for, tem exclusivamente o intuito da confirmação do SEU objeto (roteiro, narratividade etc). Será que tais reflexões não estão, contudo, à parte da arte?
A obra, ao fim, torna-se autônoma.
Não pertence mais ao criador.
Tem vida própria, fala por ela.
É o que se chama de arte pela arte?

Um abraço,

Carolina


Carol! Confesso que tive procurar o dicionário umas 3 vezes ...rs.
Obviamente que não estamos falando mais sobre a criação e sim sobre a multiplicação das sensações que ela nos causa. Algumas vezes me deparo com produções em que por trás dela parece haver uma necessidade de se afirmar tanto da obra na forma como foi executada quanto as inúmeras argumentações formuladas pelo autor. Há uma necessidade de ser complexo, como se não bastasse já nossa intrínseca complexidade. Me intriga saber a importância disso.
Naturalmente criamos, e o resultado, sentimos. Vejo a arte assim. Não adianta você fazer. Precisa de alguém pra sentir.
Agora eu já me torno espectador e não mais realizador e por isso o que diz faz muito sentido. Ele, o filme, torna-se autônomo e agora deixo-o que amem ou odeiem sem sofrimento. Importa existir e incentivar todos nós cientistas!

1 comentário:

Cora disse...

Que lindo! Qdo teremos o prazer de outras complexas sensações rs?

Abraço!